BANG-BANG À ITALIANA
Dedicado aos amantes dos bons e velhos (mas nunca ultrapassados) filmes de farwest (ou faroeste), tanto americanos quanto ítalo-germânico-espanhóis, etc. Tem mocinho, bandido e tiroteio, vai estar aqui. Sinopses de filmes e biografias de grandes e inesquecíveis atores que fizeram do gênero um must. Uma homenagem a Trinity, Ringo, Sartana e seus amigos.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
APRENDENDO COM O MESTRE
Não se pode dizer que Clint Eastwood tornou-se um dos maiores cineastas de todos os tempos à toa. Ele teve a sorte, ainda no início de sua carreira, de cruzar em seu caminho com ninguém menos do que o diretor italiano Sergio Leone. Juntos, fizeram Por um Punhado de Dólares (1964), o primeiro de uma trilogia de westerns, que incluiria ainda Por uns Dólares a Mais (1965) e The Good, The Bad and The Ugly (1966). Sergio Leoni é considerado um dos pais do spaghetti western, mas não ficou só nisso. São dele clássicos como Era Uma Vez no Oeste bem como seu canto do cisne, Era uma Vez na América, com Robert De Niro, James Woods e a ainda garotinha Jennifer Connelly.
Mas voltemos a Eastwood. Ainda novo e bonitão, teve em Sergio Leone com quem aprender não só a atuar, mas convenhamos, observador como é, não é possível que não tenha sacado uma ou duas dicas de direção com o mestre. Ao longo dos anos, Eastwood se tornou um diretor tão reconhecido que o simples fato de dirigir um filme já o credencia a pelo menos cinco ou seis indicações à estatueta do Oscar. Isso sem falar no Globo de Ouro, na Palma de Ouro e outras premiações ao redor do mundo. Atuou e dirigiu o clássico Os Impredoáveis, O Cavaleiro Solitário e Bronco Billy, só para citar alguns. São mais de 65 filmes como ator, outros 35 como diretor, 33 como produtor e (ufa!) outros 21 em que foi responsável pela trilha sonora (sem falar no período em que deu uma de político e foi ser prefeito de Carmel, na California). Um verdadeiro cowboy compondo trilha sonora? Eastwood é mais do que isso. É um verdadeiro artista no senso mais estrito da palavra. A prova de que a idade avançada traz a ele apenas mais experiência, talento e vigor
Mesmo tendo ultrapassado os 80 anos, Eastwood é um gênio (ainda que ele não o admita) que esbanja sensibilidade e carisma, tanto é que uma imagem foi muito marcante há alguns anos, durante a entrega do Oscar. Eastwood, Martin Scorsese (o grande vencedor da noite com Os Infiltrados) e Steven Spielberg (que dispensa elogios) subiram juntos ao palco, numa demonstração clara de que o trio é mesmo imbatível. Juntos, os três representam o mais respeitável conjunto de obras que já se teve notícia. É claro que outros cineastas poderiam estar ali, mas justamente os três tem em sua biografia o fato de que mesmo seus piores filmes são bons. Talvez faltasse a companhia de Alfred Hitchcock, John Ford e Billy Wilder naquela noite...
Artista completo, Eastwood consegue arrancar da platéia grandes emoções. Quem não se comoveu com o destino cruel da jovem e teimosa pugilista em Menina de Ouro? Quem não se emocionou com o tórrido romance vivido entre ele e Meryl Streep em As Pontes de Madison? O vigor de seu trabalho continua, mesmo na chamada terceira idade. Dois filmes de guerra realizados simultaneamente; Gran Torino e Invictus (mais recentemente) garantem que Eastwood talvez seja o cineasta que é pelo fato de nunca fazer o mesmo filme duas vezes.
UM ASTRO CHAMADO TEFFÉ
Já nas melhores livrarias o livro ANTHONY STEFFEN – UM HOMEM CHAMADO TEFFÉ, que, lançado pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado. A biografia de um dos maiores astros do spaghetti western será escrita pelo cineasta Daniel Camargo e pelo jornalista Rodrigo Pereira e será baseado em entrevistas com o próprio Antonio de Teffé, feitas em seus últimos anos de vida, além de com personalidades do cinema que trabalharam ao seu lado, como o eterno "Sartana" Gianni Garko, a deslumbrante alemã Elke Sommer, as estrelas italianas Franca Bettoja e Scilla Gabel, o cineasta Enzo G. Cauteleira (Keoma), o produtor americano Mark Damon (9 ½ Semanas de Amor e Os Garotos Perdidos) e a atriz italiana radicada no Brasil Rossana Ghessa. Entre os personagens da narrativa e que mantiveram estrito contato com o herói brasileiro, surgem ainda Sophia Loren, Luchino Visconti, Vittorio De Sica, Federico Fellini, Sergio Corbucci e, é claro, Sergio Leone.
BIOGRAFIA: ANTHONY STEFFEN - UM BRASILEIRO NO VELHO OESTE
O brasileiro Antonio de Tefé (sim, nosso herói é brasileiro) nasceu em Roma no ano de 1920, na embaixada brasileira, filho do embaixador do Brasil na Itália e ex-campeão de Fórmula 1, Antonio de Tefé. De família nobre, seu nome de batismo foi Antonio Luís e, mais tarde, ele se tornou o Barão de Tefé. Ao eclodir a Segunda Guerra, seguiu para a Europa para combater os nazistas.
Sua carreira como ator começou como mensageiro de estúdio para Victorio de Sica, que na época dirigia Ladrões de Bicicleta. Sua rara beleza chamou a atenção de diversos produtores e fez com que fosse escalado para diversos filmes de capa e espada, comédias e aventuras nos anos 50. Carismático, participou também de grandes produções hollywoodianas, como Sodoma e Gomorra, de Robert Aldrich. Entretanto, foi no spaghetti western que Antonio ficou realmente conhecido. A esta altura, já assumira o nome de Anthony Stefen, tentando internacionalizar sua imagem. Nos anos 70, chegou a filmar no Brasil. O filme era O Peixe Assassino, com Lee Majors, James Franciscus e Marisa Berenson. Sua carreira construída em dezenas de filmes e com grande sucesso de público fizeram com que conquistasse o respeito da nata do cinema europeu da época. Stefen mantinha ótimas relações com artistas do porte de Federico Fellini, Sergio Leone, Ricardo Fredda, Mario Bava, Lucio Fulci, Victorio de Sica, Lucchino Visconti, Antonio Margheriti, Ennio Morricone, Roger Vadim, Carlo Ponti, Sophia Loren e muitos outros. Elegante, educado e culto, falava inglês, francês, português, espanhol e italiano. No final dos anos 80, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fixou residência. Em 2002, descobriu que estava com câncer. Faleceu no dia 21 de julho de 2006 aos 73 anos. E o mundo da magia do cinema perdia um de seus mais proeminentes heróis.
EU VOU VOLTAR
Imortalizada por Arnold Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro, a frase “eu vou voltar” soa como uma grande ameaça e faz tremer até os mais corajosos. Em A Volta de Sartana, o uruguaio George Hilton (fazendo-se passar por mocinho italiano) retoma mais uma vez o papel com o qual se popularizou e reaparece implacável e bom de tiro para uma nova aventura. O título em inglês do filme já é um show à parte: “Trade your Pistol for a Coffin”, ou seja “troque sua pistola por um caixão”. Mais ameaçador que isso, nem o governador Schwarzenegger vai conseguir fazer de novo.
Como todos já sabem, Sartana é multifacetário: caçador de recompensas profissional e pistoleiro com uma pontaria certeira acaba testemunhando o roubo de um carregamento de ouro. Esperto como nunca, vai até a cidade mais próxima e localiza o dono da companhia (Piero Luli), responsável pela mercadoria, oferecendo seus préstimos no sentido de proteger os próximos carregamentos. Não fosse o bom humor típico do personagem, na pele de outro se poderia dizer que sua vida estaria prestes a se transformar num inferno, tamanho o número de foras-da-lei que desejam vê-lo morto. Mas Sartana não estará sozinho nesta jornada. Sabata (Charles Southwood), que é muito mais excêntrico e desconfiado que ele, além de fazer o contraponto do mau humor em diálogos absolutamente afiados, estará ao seu lado em mais esta aventura. Algo do tipo “você vai ter que me engolir”. Além de resolver o mistério dos ladrões de ouro, o confronto entre os dois heróis será inevitável.
A direção segura do veterano Giuliano Camineo, outro profissional que veio da direção de segunda unidade (em que são filmadas as cenas de ação com dublês e sem os atores) engrandece ainda mais a história, tornando o filme um dos mais importantes representantes de seu tempo, referência ao que viria mais tarde.
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