domingo, 13 de junho de 2010

O DOCE GOSTO DA VINGANÇA



Quando Sela de Prata (1978) foi produzido, já estávamos nos últimos dias da era spaghetti western. A febre por produções ítalo-espanholas estava se dissipando e pouca coisa ainda estava sendo feita. O diretor Lucio Fulci, um veterano no gênero, tipo de pessoa difícil, traço de personalidade típico de quem é inteligente ou criativo demais (foi responsável pelo sucesso Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, com Fabio Testi, três anos antes) continuava na ativa, nadando contra a maré, assim como seu astro principal, Giuliano Gemma, que havia alcançado o estrelato em O Dólar Furado, doze anos antes. O resultado foi um excelente filme. Boa história, atuações coadjuvantes convincentes, música excepcional, fotografia primorosa, direção de arte e figurinos de primeira fizeram de Sela de Prata um dos últimos grandes clássicos do gênero.
Ainda criança, Roy Blood (o personagem tem sangue até no nome) assistiu à morte de seu pai pela mira do bandido Thomas Barrett Jr. (Sven Valsecchi), a quem acabou por liquidar ali mesmo. O fora-da-lei cavalgava num cavalo sobre uma sela de prata, que Blood tomou para si após eliminar o bandido.
Crescido e já na pele de Gemma, Blood passa a atuar como um “justiceiro”, alguém que está sempre à espreita dos bandidos e os ataca sem piedade, pacientemente aguardando que eles saiam de suas tocas e ataquem pessoas inocentes. Uma espécie de herói sem nome. Apenas a sela de prata. Os problemas começam quando surge o pai do malfeitor assassino de seu pai, Barret (Ettore Manni), um homem ainda mais cruel e sedento pelo sangue de quem matou seu filho. Daí em diante, a luta do bem contra o mal se inicia. Em meio a este jogo de gato e rato, Gemma ainda tem tempo de se apaixonar por uma bela garota.
O diretor Lucio Fulci, falecido em 1976, foi polêmico até em sua morte. Diabético, teria se esquecido de tomar seus remédios regulares antes de dormir. Enquanto alguns consideram sua morte suicídio, outros creditam a ela um terrível esquecimento por parte do diretor.
Genial e disposto a topar qualquer parada, escreveu nada menos do que 59 roteiros, dirigiu 56 filmes, apareceu como ator em mais 19, foi diretor de segunda unidade em 10, produziu cinco e foi responsável pelos efeitos especiais em três. Esse currículo invejável o credencia a entrar com honras para o hall dos diretores mais bacanas do cinema italiano. Ele podia até não ser um gênio, mas era único.

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